O cantor e compositor apresenta sozinho o show Na Matriz, fruto do processo criativo empírico, caótico, heterogêneo e necessário para que os músicos sobrevivessem à quarentena. Na Matriz é também o nome da faixa título do seu novo trabalho, um baião denso e poderoso, feito em parceria com Rudá Brauns, líder do imponente Sexteto Sucupira. Entre lives e curadorias de festivais online, aulas de música, estudos de novos instrumentos, faxinas domésticas e muito exercício físico, Moyseis resgatou algumas canções, descobriu outras e ainda escreveu novas. O samba, sempre predominante no repertório, abre alas para os baiões, xotes, capoeiras e toadas que, em sua maioria, exaltam a negritude e as matrizes afro-brasileiras. Sucessos já conhecidos na voz de Moyseis ganharam roupagem intimista, porém não menos visceral, desse mineiro de Juiz de Fora que, ainda recém-nascido, se estabeleceu no subúrbio do Rio de Janeiro. A matriz dessas obras é o violão de Moyseis, berço da maioria das canções apresentadas no show, com destaque para Móbile da insônia (dele com Elisa Queiros, voz do Arranco de Varsóvia) e a metalinguística Quarentena (parceria com João Martins), já sucesso das lives do cantor nesses 8 meses de confinamento. Versões para o clássico de Guinga e Aldir Blanc Chá de Panela e Yaya Massemba, sensação de Roberto Mendes e Capinam, também conquistaram o coração do público e estão entre as mais pedidas. Surpresas ao berimbau ou ao cavaquinho também podem surgir, como nas lives que revelaram versões arrebatadoras de Terra (Caetano Veloso) e Morena de Angola, sucesso de Chico Buarque popularizado por Clara Nunes. “Na matriz é um passeio pela minha trajetória, apontando para o futuro, ainda incerto, numa condução autossuficiente, versátil e metalinguística”, adianta Moyseis. É só tirar os sapatos, usar máscara e passar álcool em gel. Contagiemo-nos com a música desse bamba!